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  • Writer's pictureClarissa Ferreira

Koh Lipe: o paraíso quase escondido da Tailândia


O PARAÍSO REVELADO

Há uns quatro anos, antes de sonhar em me mudar de mala e cuia pro outro lado do mundo, planejei minha primeira viagem à Ásia. Tinha uma tara inexplicável em conhecer a Malásia e um namorado para encontrar em Singapura. Fora esses dois destinos certos, o resto do roteiro era uma página em branco e passei um mês delicioso pesquisando e planejando as férias dos meus sonhos.

Foi quando eu li as histórias de um certo “paraíso escondido” chamado Koh Lipe. Era difícil acreditar que o turismo em massa ainda não tivesse descoberto essa pequena ilha ao sul da Tailândia. Cercado por recifes de corais a 60km da costa, ocupado por vegetação abundante e banhado por mar azul turquesa, o lugar não poderia ser um segredo assim tão bem guardado. Mas me encantei pelas fotos e pelas histórias dos sea gypsies que frequentaram a região no século 19 e a ilha acabou ganhando um espacinho no nosso roteiro de viagem.

(Para mais dicas e inspiração conheça nosso canal no YouTube)

Como eu imaginava, o tal paraíso já tinha caído no gosto dos europeus e estava longe de ser um segredo guardado a sete chaves, mas nem de perto se comparava a destinos como Phuket ou Phi Phi, esses sim engolidos pelo turismo, pelas festas e pelos resorts.

Koh Lipe podia não estar mais escondida, mas era mesmo o paraíso. Uma ilhotinha com apenas três praias, sem carros nem asfalto. A rua principal, de areia, dava acesso ao interior da ilha e abrigava alguns restaurantes simples. Na beira do mar, apenas um ou outro barzinho para apreciar o por do sol e degustar uma Singha gelada. Mas o mais incrível de tudo era a cor e a textura da areia. Tão branca, tão fininha que parecia leite em pó. Um montão de leite em pó indo de encontro ao mar azul transparente. É… estávamos no paraíso.

Fomos embora a contragosto acreditando que a despedida era pra sempre. Mas lá foi a nossa vida dar uma reviravolta daquelas e cá estamos nós morando na Ásia e explorando esse canto do mundo como nunca. Mesmo com uma lista enorme de lugares para onde queremos viajar por aqui, a amada Koh Lipe vez ou outra nos chama de volta..

(FOTO: Danielle Teixeira | Koh Lipe, Tailândia)

(Vai conhecer Phi Phi? Se liga na dica quente: "Como dormir em Maya Bay")

O RETORNO E AS MUDANÇAS

Quando retornamos à ilha pela primeira vez desde a mudança para Cingapura, foi um choque. Minha areia de leite em pó estava tomada por cascalho e uma barcaça carregada de material de construção e entulho repousava na praia como se fosse parte da paisagem. A ilha estava em pleno desenvolvimento: hoteis surgindo a todo vapor, ruas sendo asfaltadas, novos bares surgindo e lixo… muito lixo.

Mesmo com o coração apertado pelas transformações, foi impossível não morrer de amores pelo nosso lar temporário na ilha, um bangalô de madeira nas areias da tranquila Sunrise Beach. A simplicidade e o charme do Castaway - o hotel em questão - foi o que nos fizeram querer voltar mais uma vez a Koh Lipe, agora já em 2015. Mesmo com o medo de encarar as prováveis mudanças ainda mais radicais na nossa ilha do coração, não resistimos ao terceiro chamado do paraíso…

KOH LIPE HOJE... E AMANHÃ?

Com nosso bangalô no Castaway devidamente reservado, começava a maratona para ir de Cingapura até lá. Um vôo pra Malásia, uma barca para a Tailândia, um longtail para a praia e… terra firme!

(FOTO: Danielle Teixeira | Castaway Resort, Koh Lipe)

O processo de imigração é um acontecimento à parte nessa viagem: gringos desconfiadíssimos entregam seus passaportes à turma responsável pelo ferry lá na Malásia e só vão pegá-los de volta lá na praia, em Koh Lipe. Sim, na praia! Há quatro anos, o centro de imigração era um quiosque improvisado na areia. Hoje, é uma casinha - ainda na areia - em frente a um bar que lucra horrores com a turistada que derrete esperando pelos passaportes debaixo do sol. Na maior informalidade que eu já presenciei em um processo de imigração, os nomes vão sendo chamados ali na areia e os turistas, com suas cervejinhas na mão, vão, um a um, recuperando seus documentos e seguindo viagem. Como não amar a Tailândia?

O caminho até o nosso bangalô nos encheu de alegria e esperança. De carona num mototáxi cruzamos a ilha e percebemos que Koh Lipe havia se desenvolvido sim, mas aparentemente com competência. Passado o período de obras, já não era possível avistar nenhum entulho nem resto de construção. Aliás, não era possível ver nenhum tipo de lixo, bem diferente da nossa última visita, quando a sujeira era abundante. Hoje há coleta seletiva no depósito de lixo e ampla campanha para a dimuição de consumo de plástico nos hotéis e restaurantes. As ruas estreitas agora todas asfaltadas estavam em ótimo estado e solucionou o problema da lama e dos mosquitos nas áreas mais afastadas da praia.

Passamos todos os nossos dias na Sunrise Beach, que estava mais linda do que nunca com a minha saudosa "areia leite em pó" de volta, branca, fina e limpinha como da primeira vez. Nosso bangalô a poucos metros do mar tinha cama com mosquiteiro, ventilador no teto e ducha de água fria. Quem precisa mais do que isso quando se está no paraíso?

(FOTO: Danielle Teixeira | Castaway Resort, Koh Lipe)

O Castaway é conhecido por suas instalações e negócios eco-friendly e pelo seu engajamento em campanhas em prol da preservação da ilha, manejo de lixo e turismo sustentável na região. Isso, por si só, já me faz querer me hospedar lá toda vez. Mas soma-se a isso a simpatia dos funcionários, o bar sobre palafitas, a comida saudável e fresca, a cerveja sempre gelada e o happy hour com mojito a dois por um bem na hora do por do sol e você nunca mais vai querer ir embora.

A superlotação de turistas, o desenvolvimento acelerado e sem controle e a falta de consciência ecologica infelizmente afetam tragicamente as praias mais belas da Tailândia e do sudeste asiático. Se Koh Lipe caminha para se transformar na próxima Koh Phi Phi, completamente descaracterizada pelo turismo em massa, só o tempo vai dizer. Até agora, a ilhota parece estar focando em um futuro melhor com iniciativas como o Trash Hero e empreendimentos como o Castaway. Espero poder visitar meu paraíso-não-mais-escondido muitas outras vezes e reencontrar a areia limpa e branquinha como sempre esperando por mim no meu cantinho preferido do lado de cá do mundo.

COMO CHEGAR

- De Singapura: O jeito mais rápido é voar até Langkawi, na Malásia. O ferry para Koh Lipe sai do Telaga Terminal (horários variam ao longo do ano), que fica a menos de meia hora de táxi do aeroporto.

- Do Brasil: Voar para Kuala Lumpur ou Bangkok são as melhores opções. É possível comprar passagens "combo" vôo + barco saindo de Bangkok (via Pak Barra).

- Mochileiros na Tailândia: Koh Lipe se conecta de barco com outras ilhas famosas como Phuket, Phi Phi e Koh Lanta.

(FOTO: Danielle Teixeira | Castaway Resort, Koh Lipe)

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Ah, e antes que vocês me perguntem: não estamos ganhando nada com essa propaganda do Castaway. É simplesmente um lugar delicioso com uma ideologia que combina com a nossa e que gostaríamos de compartilhar com vocês.

De nada. ;)

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