Voltamos da nossa viagem ao Irã com boas histórias pra contar, muitas fotos, vídeos e, acima de tudo, vontade de inspirar todo mundo a visitar esse país que transpira cultura, paisagens incríveis e milênios de heranças espalhadas por mesquitas, palácios e jardins. Quando decidimos viajar para lá, fomos bombardeados de perguntas, como se fôssemos loucos pela escolha do destino da vez. Os anos de embargo comercial não foram boa publicidade para o país e fazer parte do infame "eixo do mal" criado por Bush, menos ainda. Percebi, através de alguns comentários, como o Oriente Médio é reduzido a uma só história, mesmo em toda a sua diversidade. Além do mais, as notícias que chegam sobre os conflitos na Síria e no Iraque, assustam as pessoas, mesmo que o Irã seja outro país e que esteja em tempos de paz.
Por essas e outras, voltei dessa viagem com uma vontade ainda maior de espalhar por aí como é seguro e fácil viajar pelo Irã. A verdade é que, quem decidir parar pra me escutar, não vai se arrepender. O país ainda está começando a explorar seu potencial turístico e a hora para visitar não podia ser melhor. Já é possível contar com uma boa infra estrutura turística e ao mesmo tempo aproveitar as atrações sem a concorrência das multidões que vemos invadindo as cidades mais famosas do mundo.
Nessa minha "pregação" em prol do Irã, bombardeei nossa página no Facebook com fotos, o passo a passo da viagem, histórias e dicas. E para ajudar a que já foram contaminados e estão planejando cair na estrada rumo a essa aventura persa, segue aqui um apanhadão do que andamos postando por lá!
TEERÃ
O ponto de partida do nosso roteiro foi a capital, Teerã, onde tiramos nosso visto "on arrival" no aeroporto. Apesar de demorado, o processo foi simples e entramos no país sem maiores problemas (saiba mais como tirar o visto para o Irã aqui). Infelizmente ficamos apenas duas noites na cidade que, apesar de não ter as atrações dos destinos seguintes, traz o lado mais moderno e liberal do país e uma janela para observar outros aspectos da sociedade iraniana. Adoramos bater perna, ver homens e mulheres a caminho do trabalho ou socializando nas casas de chá e nos parques. O bairro que escolhemos ficar era descolado e frequentado por estudantes, artistas, cineastas, o que tornou a experiência na capital ainda mais interessante.
Apesar do tempo curto, conseguimos visitar bazares e museus - inclusive o imperdível National Jewelry Treasury - experimentar os bons restaurantes da cidade e bater papo com os locais na companhia de chá e shisha.
KASHAN
Depois de deixar a capital Teerã pra trás, nos deparamos com uma pequena cidade chamada Kashan, à beira do deserto de Kavir. O lugar tem ares de oásis com suas construções cor de terra e calor abafado. Mansões tradicionais construídas por ricos mercadores no século 19, quando a cidade era um ponto importante na rota comercial da região, foram preservadas e estão abertas para visitação esbanjando jardins, vitrais, mosaicos e espelhos. Algumas se transformaram em hotéis pitorescos onde vale a pena se hospedar! Nós ficamos na Morshedi House e adoramos a experiência!! Kashan foi uma bela surpresa logo no começo da viagem!
ISFAHAN
O ponto alto dos nossos dias no Irã foi a cidade de Isfahan, um museu a céu aberto de onde uma construção mais linda que a outra brota a cada esquina. A praça principal do centro histórico, patrimônio da UNESCO, é uma das maiores do mundo e está longe de ser apenas um ponto turístico. Ali também é ponto de encontro da população local que curte o fim de tarde em família com enormes piqueniques com direito a botijão de gás, panelões, shisha, tapetes e muita conversa até altas horas. A ponte Si-o-se-pol, construída em 1599, é outro lugar querido entre eles, mesmo com o rio completamente seco nessa época. Soma-se a isso mesquitas, palácios e bazares centenários, pessoas simpáticas, ótimos cafés e hotéis para completar a experiência de viagem perfeita. Saímos de lá com o coração já apertado de saudade...
YAZD
O quarto destino da viagem foi YAZD, uma cidade espremida entre dois desertos no centro do país e cercada por montanhas áridas. O centro histórico parece cenário de cinema com suas casas cor de barro e labirintos de becos e vielas. Para fugir do calor da tarde, explorávamos o lugar de manhã bem cedo, antes mesmo do café da manhã, quando as ruas estavam desertas e em silêncio, como se paradas no tempo. Os primeiros assentamentos em Yazd datam de 5 mil anos atrás e não faltam heranças deixadas por povos e culturas que passaram por ali ao longo dos séculos. Com os dias quentes e secos, não faltou por do sol pra gente admirar no deserto ou no rooftop de algum hotel charmoso na cidade. Um destino imperdível pra quem curte história e aventura!
SHIRAZ
Depois de passar por Teerã, Kashan, Isfahan e Yazd, nossa viagem chegou ao seu destino final em Shiraz. A cidade dos poetas e da literatura exibe orgulhosa os ecos de um passado glorioso quando acumulou mesquitas, palácios, praças e jardins cheios de romantismo. Teria tudo para ser um reduto boêmio dos mais charmosos, não tivesse a tradição milenar de produzir vinho na região terminado com a revolução islâmica. Shiraz também é ponto de partida para visitar as ruínas de Persépolis, uma das mais famosas cidades do antigo império Persa e hoje um sítio arqueológico patrimônio da UNESCO. Dos seus mais de 2500 anos de história restaram escadarias, colunas e impressionantes paredes esculpidas ainda cheia de detalhes. Não muito longe dali, está a Necropolis com os gigantescos túmulos dos imperadores Darius e Xerxes. Demos uma esticadinha até Pasárgada, mas não valeu a visita, pois da cidade persa restou apenas o túmulo de Ciro, o grande, e algumas colunas.
A passagem por Shiraz foi uma deliciosa aula de história e literatura (que, não conta pra ninguém, cairia muito bem com um vinhozinho local...) e encerrou a nossa "aventura persa" com chave de ouro. Pegamos o avião de volta à Turquia de lá mesmo após 12 dias inesquecíveis de uma viagem segura, fácil e confortável.
Leia também: Como se vestir no Irã
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